No mês passado, correu o mundo a notícia de que um advogado de Toronto, Canadá, abandonou sua Ferrari Califórnia 2010, no valor de US$ 192 mil, na rua, para não perder um voo para Otawa, onde teria uma audiência na manhã seguinte. Agora corre a notícia de que a Ferrari não perdeu essa ótima oportunidade de marketing: entregou uma Ferrari Califórnia 2013, no valor de US$ 300 mil, ao advogado, por um preço tão baixo que foi praticamente um presente.
O advogado trabalhista Howard Levitt estava a caminho do aeroporto, sob uma chuva torrencial. No início de um túnel, a água estava bem baixa. Mas, lá pela metade, estourou um encanamento de esgoto e a água suja subiu, como na erupção de um gêiser, e começou a inundar a parte mais baixa do túnel. Outros carros passavam lentamente, menos a Ferrari que é muito baixa.
A primeira providência de Levitt foi tentar encontrar, por telefone, um reboque. Mas então se deu conta de que o tempo estava passando e poderia perder o voo e, consequentemente, a audiência no tribunal de Otawa. A água do esgoto continuava a subir e já se aproximava da janela.
Levitt abriu a porta do carro e deixou a água de esgoto entrar. Pegou sua bagagem no porta-malas, fez um policial lhe prometer que encontraria um reboque para tirar o carro da rua, pegou um táxi e foi para o aeroporto.
Todos os voos naquele aeroporto haviam sido cancelados por causa da tempestade. Levitt pegou outro táxi, foi para outro aeroporto e chegou a tempo de pegar o último voo para Otawa. No dia seguinte, compareceu à audiência, ganhou a causa para seu cliente, e voltou para Toronto.
"Transformou-se em uma estrela de proporções épicas", escreveu o jornal Above de Law, repercutido pelo Jornal da ABA (American Bar Association) — uma imagem que a fábrica da Ferrari fez questão de associar à sua marca. A Ferrari captou a atenção da mídia com sua "generosidade". Segundo algumas interpretações, a fábrica quis transmitir a ideia de que esse é o tipo de gente que dirige uma Ferrari.
Levitt, porém, acha que não fez nada demais. "É por isso que a gente paga seguro", ele disse. Se não desse conserto, por causa da invasão de água de esgoto, o que era muito provável, também não seria o fim do mundo, disse o advogado aos jornais canadenses. "A gente compra outro", afirmou. O fim do mundo seria perder a audiência e prejudicar o cliente, ele disse.
João Ozorio de Melo é correspondente da revista Consultor Jurídico nos Estados Unidos.
Fonte: Revista Consultor Jurídico
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